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Abril
17
2020

Geografia da Saúde: professor da UFGD fala sobre relevância da área no enfrentamento à covid-19

  Atualizada: 17/04/2020
Por meio do mapeamento de dados essenciais à compreensão dos contextos regionais, como a localização espacial de pessoas de grupos de risco e a presença de ventiladores mecânicos, a Geografia contribui com a adoção de medidas públicas eficazes

Os profissionais da área da saúde têm desempenhado um protagonismo ímpar nas ações de combate à pandemia ocasionada pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus e que tem impactado serviços assistenciais em todo o mundo. No entanto, outras áreas do conhecimento, de maneira interdisciplinar, vêm contribuindo grandemente no enfrentamento à maior emergência em saúde pública das últimas décadas.

Uma dessas áreas é a Geografia que, muitos desconhecem seus setores de aplicação, mas atua de forma intensiva no mapeamento de dados essenciais à compreensão dos contextos locais e à adoção de medidas públicas eficazes na prevenção da covid-19 e na organização do atendimento aos infectados.

De acordo com o professor Adeir Archanjo da Mota, integrante do quadro da Faculdade de Ciências Humanas (FCH) da UFGD, os conhecimentos geográficos permitem ações práticas como mapeamento dos grupos de risco, distribuição espacial dos serviços de saúde disponíveis, análise da difusão espacial da covid-19 e cartografia dinâmica do novo coronavírus.

Doutor em Geografia e coordenador do grupo de pesquisa “Saúde, Espaço e Fronteira(s)” (GESF), da UFGD, o docente afirma que o trabalho conjunto entre diversas áreas do conhecimento é fundamental para o sucesso nas atividades emergenciais. “Diálogos interdisciplinares somam uma melhor compreensão dos contextos local e regional, para os quais a assistência à saúde de Dourados busca se preparar, visando atender os pacientes que tiverem agravamento de quadro clínico, tanto na atenção básica, quanto na atenção especializada e hospitalar”, esclarece.

Por meio desse trabalho, ele vem colaborando com as atividades do Núcleo Emergencial de Assistência (NEA) do Comitê de Gerenciamento de Crise (CGC) da Prefeitura de Dourados, entidade criada para planejar medidas de redução dos impactos da pandemia na macrorregião.

“Estamos contribuindo com os produtos solicitados, adaptando o que já tínhamos realizado sobre a covid-19 para o que é necessário ao trabalho do Núcleo”, explica Archanjo. Exemplos dessa atuação, que podem ser visualizados nas imagens, são o mapeamento da distribuição espacial de idosos e de crianças e, também, de ventiladores mecânicos na macrorregião de Dourados.

“A Geografia dispõe de grande potencial na análise do território, dos fatores sociais e ambientais, que podem tanto proteger quanto expor ainda mais as pessoas ao risco de contaminação e ao risco de óbito, por falta de acesso a leitos de UTI. E estar a serviço do bem comum é a essência do serviço público. Desta forma, agregar servidores de diversos setores é uma forma inteligente de analisar, compreender e propor manejos de fenômenos complexos, como fica evidente no planejamento do enfrentamento a este vírus. Sendo assim, nossos estudos visam colaborar com a defesa do Sistema Único de Saúde e do direito à qualidade socioambiental e à vida saudável”, conclui o pesquisador.

GESF

Criado em 2015, o grupo de pesquisa “Saúde, Espaço e Fronteira(s)” se constitui como um coletivo interdisciplinar cujo interesse é a discussão sobre as relações entre os processos saúde-doença e sobre o território e os serviços de saúde nas fronteiras, visando a contribuição com políticas públicas de saúde a partir do resultado de estudos científicos. 

A equipe se dedica à prevenção e à promoção da saúde por meio de pesquisas e ações nos territórios estudados, que acabam sendo, por vezes, as únicas profilaxias efetivas, como o distanciamento social, por exemplo, que é adotado atualmente como forma de reduzir o contágio pelo novo coronavírus. Ou seja, a criação de barreiras geográficas dificulta a circulação do vírus.

A iniciativa conta com professores, estudantes de graduação e pós-graduação e uma técnica da UFGD, além de uma vasta rede de colaboradores de todas as regiões do Brasil. Por conta, da pandemia, por exemplo, mobiliza mais de 150 pesquisadores em Geografia, que trocam experiências sobre o que vem sendo realizado em suas respectivas regiões, sendo um dos grandes articuladores dessa rede o pesquisador Raul Borges Guimarães, professor doutor da Universidade Estadual Paulista (UNESP), que desde a década de 1990 atua na área.

Jornalismo ACS/UFGD
 

Professor Adeir Archanjo
Professor Adeir Archanjo, da UFGD, tem colaborado com o planejamento de medidas de enfrentamento à covid-19 por meio do mapeamento de dados
 

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Espacialidade da população infantil em MS
 

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Espacialidade da população idosa na macrorregião
 

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Distribuição espacial dos ventiladores mecânicos na macrorregião
 




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