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Com palestras, oficinas, rodas de conversa e apresentações de trabalhos acadêmicos, o XI Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (ENEPEX) tem promovido reflexões sobre o tema “Conectando Saberes, Cruzando Fronteiras: Ciência para um Futuro Sustentável na Rota Bioceânica”, de 21 a 24 de outubro, na Cidade Universitária.

A solenidade de abertura, realizada na noite de quarta-feira (22/10), contou com a presença de representantes das instituições organizadoras — a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). O evento é realizado em conjunto com o 2º Encontro Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o XIX Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão (ENEPE) e a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT).

O reitor da UFGD, Jones Dari Goettert, abriu sua fala agradecendo à equipe organizadora, em especial à coordenadora do evento, Maricy Raquel Lindenbah Bonfá, pelo trabalho realizado ao longo de mais de um ano e meio. 

De forma simbólica, lembrou que a UFGD está situada “no coração da América do Sul” e que esse coração “precisa pulsar cada vez mais”. Relacionando a metáfora ao tema do evento, o reitor destacou a importância de romper barreiras e aproximar a ciência da sociedade. “Precisamos romper as fronteiras — e a primeira é a da universidade. A extensão tem o papel de conectar o conhecimento ao conjunto da sociedade, historicamente afastado da vida universitária”, afirmou.

Ele também ressaltou a relevância da articulação entre os territórios e as universidades, especialmente diante de projetos de integração regional, como a Rota Bioceânica. “Mais do que o transporte de bens e capital, precisamos garantir que essa rota integre os povos e territórios do caminho, sem excluir as comunidades locais”, destacou.

Representando o reitor da UEMS, o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Vinícius de Oliveira Ribeiro, destacou o papel das universidades públicas do estado na formação de novos pesquisadores. Em tom emocionado, relembrou uma experiência marcante de sua trajetória acadêmica. “Participei de um congresso da SBPC em Salvador e fomos de ônibus, de Campo Grande até a Bahia. Era uma viagem longa, mas repleta de descobertas. Na Universidade Federal da Bahia, eu vislumbrei o que poderia me tornar — engenheiro, professor e pesquisador.”

Ele afirmou desejar que os estudantes da UFGD e da UEMS vivenciem experiências igualmente inspiradoras. “Hoje, ao ver tantos jovens apresentando seus trabalhos, espero que cada acadêmico tenha o mesmo vislumbre que eu tive: perceber o próprio potencial e o poder que a ciência tem de mudar vidas.”

Ao encerrar, parabenizou os participantes: “Estou vendo aqui os futuros Lattes e Vital Brasil do nosso país. Parabéns a todos os acadêmicos, professores e servidores que fazem a ciência acontecer. É por meio desse entusiasmo e dessa colaboração que o nosso estado e o nosso país avançam.”

Fomento e interiorização da pesquisa

Julio de Siqueira apresentou as principais políticas de fomento e iniciativas da CAPES voltadas à formação de pesquisadores e à consolidação da pesquisa nacional. Ele destacou os desafios da produtividade científica no Brasil e a necessidade de maior integração com o setor produtivo. “Apesar de o PIB posicionar o Brasil como a 8ª economia do mundo, nosso índice global de pós-graduação está em torno da 50ª posição. A produtividade científica melhorou da 64ª para a 58ª, mas ainda temos pouca interação com as empresas: enquanto países como China e Reino Unido têm 60% e 40% de seus pesquisadores atuando em empresas, no Brasil esse número é de apenas 20%.”

Ele enfatizou ainda a importância da aplicação estratégica dos recursos públicos e o papel da CAPES na aproximação entre a pesquisa e as demandas sociais. “Nosso compromisso é garantir que os recursos, ainda que escassos, sejam aplicados de forma estratégica, respeitando as prioridades de cada estado. A pós-graduação brasileira tem um papel central na transformação do país”, afirmou.

O conferencista também elogiou a atuação da UFGD nos editais nacionais. “Impressiona o trabalho da UFGD, que participa de praticamente todos os editais da CAPES. No edital Solidariedade Acadêmica, um dos mais competitivos do país, quatro dos 22 projetos aprovados são da UFGD”, destacou.

A mediadora da conferência, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UFGD, Seila Rojas, complementou: “Por meio do edital Solidariedade Acadêmica da CAPES, recebemos professores refugiados com excelentes currículos, que estão contribuindo para nossos programas de pós-graduação. Foi um passo muito importante para a internacionalização da UFGD.”

Fundect e o fortalecimento da inovação

O professor Nalvo de Almeida Junior, diretor científico da Fundect e docente da UFMS, explicou que a fundação integra a CONFAP, rede nacional das fundações de amparo à pesquisa (FAPs), atuando em parceria com Finep, CNPq e CAPES. “Trabalhamos para descentralizar os recursos federais e apoiar desde o ensino médio até o pós-doutorado, formando recursos humanos qualificados e fortalecendo a infraestrutura científica do estado”, explicou.

Nalvo apresentou os principais programas da Fundect voltados ao desenvolvimento regional, como o PICTEC/MS (iniciação científica júnior), o PPSUS (pesquisas em saúde) e os programas de bolsas de produtividade estaduais. Ele também destacou ações voltadas à inovação, citando os programas Centelha MS e Tecnova MS, e o apoio a ambientes de inovação em todo o estado — incluindo quatro em Dourados (UFGD, UEMS, IFMS e Senai). “A inovação só se faz com conhecimento. Se não fomentarmos a interação dos pesquisadores com o setor produtivo, dificilmente ela acontecerá apenas com as empresas,” observou.

Outras informações podem ser encontradas na página oficial do evento: even3.com.br/sbpc-enepex-ufgd-2025 e perfis no Instagram: